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Crônica Sobre Rodas #17: Caixa de Guerra.
25/12/2020 21:59 em Crônica Sobre Rodas

Dando sequência à história anterior, lembro que com o passar do tempo, minhas atividades aumentavam e minha fisioterapeuta queria que eu saísse do hospital aproveitando o máximo aqueles movimentos, os quais estavam voltando nos meus braços. Sendo assim, como ela sabia que eu tocava em uma banda da escola, um instrumento chamado “caixa de guerra”, parte da percussão da banda. Fomos para a oficina do hospital ver que tipo de adaptação poderia ser feita. Meu primo foi até os fuzileiros navais pedir o instrumento emprestado para que fizéssemos o teste, então foram criados dois adaptadores, para o braço direito e esquerdo, os quais encaixavam as baquetas. Na minha cadeira, foi criado um suporte que encaixava o meu querido instrumento. Chegou o dia de experimentar e saber se iria conseguir fazer algum barulho. Antes preciso salientar a paixão que eu e minha fisioterapeuta compartilhávamos uma pela outra, ela me disse que nunca tinha feito tanta adaptação para uma tetraplégica e que eu tinha servido de modelo para os próximos. Retornando ao grande momento, de ver se me sairia bem com a adaptação. Eu estava muito empolgada, logo após colocarem os adaptadores era hora de tentar tocar, foi emocionante a primeira batida na caixa de guerra, a tentativa de tocar a “cadência” que eu tocava na banda para a banda entrar em forma. Toquei toda tremendo, tudo bagunçado mas dava pra enganar, eles ficaram tão felizes que quase me convenceram que eu era muito boa. Minha fisioterapeuta então, não perdeu a oportunidade e colocou diariamente na sequência da fisioterapia a prática de tocar o instrumento, toda a ala ficava me olhando, pois era só eu que fazia aquilo. Nesse tempo minha mãe comprou um celular para que eu pudesse conversar com meus amigos e familiares a qualquer hora, sem aquelas regras do hospital, porque a saudade estava cada vez maior.  Com essa história do celular, acabei passando por mais uma daquelas situações inusitadas, mas isso já é assunto para a crônica da semana que vem, que ler saberá. Tchau pessoal, até a próxima!

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