Bem pessoal, volto a relatar aqui a minha odisseia, rumo a nova vida. Durante alguns passeios que fiz, pude perceber que a acessibilidade em Brasília é muito bem planejada, pois onde eu ia era adaptado. Minha prima fazia questão de nos levar em todas praças, parques, shoppings, igrejas, templos, tudo era muito lindo, mas nada supria a saudade que eu tinha de casa, família e amigos, porém comecei a gostar também das atividades oferecidas no hospital. Com a fisioterapia, comecei a mexer meus braços aos poucos, minha mãe me matava de vergonha quando me via levantando os braços e batia palmas. Eu dizia: “para mãe, tá todo mundo olhando!” No entanto, todos sorriam, eu é que tinha “uns mal humor” do nada. A mãe tirava foto de tudo, parecia uma pessoa contratada para me fotografar, cada movimento era um flash! Eu ficava furiosa, então comecei a me adaptar com os movimentos que tinham aparecido em meus braços, foram feitos adaptadores para que eu comesse sozinha. Sendo assim, logo no primeiro dia, eu estava sentada na cadeira, com adaptadores nas mãos e a colher encaixada no adaptador, para que eu conseguisse pegar minha comida. Daí estava parada na frente do prato, minha fisioterapeuta me olhando e minha mãe com a sua inseparável companheira máquina fotográfica e, eu pensando: “nossa que coisa chata”.  Então a fisioterapeuta diz: “Come Brenda, tenta levar a comida na boca!” Aí respondi: “Vocês vão ficar me olhando assim?” Aí minha mãe, sem jeito, fingiu nem estar olhando, assim delicadamente encaixei a colher no arroz e feijão e, num passe de mágica, errei a boca e a comida foi parar no chão. Logo a fisioterapeuta disse: “Calma, que é assim mesmo, tenta de novo, tens todo o dia para comer esse prato!” Confesso, estava de cara, mas tentei novamente e acertei minha boca! Nessa hora, até eu abri um sorrisão e comi toda comida e a mãe claro, batendo foto. Terminada a refeição, a fisioterapeuta diz: “Agora é hora de escovares teus dentes sozinha.” Para tanto, foi encaixada a escova no mesmo adaptador. Passei trabalho para escovar meus 28 dentes, sem carie e sem os sisos, porque ainda não tinha juízo! Óbvio. Bom pessoal, vou parando por aqui, até a semana que vem!